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#39 – Hora do cerol

22/10/2018 às 15:48. Comente esta notícia!

Céu azul, tarde ensolarada de um sábado para esquecer.

Uma pequena multidão se acotovela em cochichos, querendo ver de perto a desgraça alheia. No asfalto escorrido em sangue, o corpo imóvel de um ciclista atingido pela mais traiçoeira das armadilhas. Na chegada da ambulância, apenas a constatação de que não havia mais nada a ser feito.

Quando pipas, arraias, papagaios ou pandorgas têm suas linhas embebidas em uma mistura de pó de vidro com cola – o tal do cerol – eles viram verdadeiras lâminas de bisturi voadoras. Jugular, carótida, tireoide, traqueia… o pescoço costuma ser alvo fácil, e a pessoa pode morrer de maneira desesperadora, em poucos minutos.

Motoqueiros, ciclistas, pedestres e até mesmo pássaros… ninguém está livre do perigo que vem nunca se sabe ao certo de onde, provocado por alguém que usualmente some na covardia do anonimato.

Alguns tipos de cerol também incluem a limalha de metal, que quando atinge a rede elétrica costuma provocar choques de milhares de volts, causando extensas queimaduras, amputações e até mesmo paradas cardiorrespiratórias.

Muitos dizem que o cerol é coisa de moleque. Que as ‘batalhas’ aéreas entre pipas não passa de uma saudável brincadeira de meninos. É a balela de sempre, de pessoas que alimentam uma estúpida tradição que é passada geralmente de supostos adultos para crianças.

Grande parte dos adeptos dessa ideia conhece os riscos e a maldade envolvidos por trás de cada centímetro de cerol. E, como sempre, leis vazias são criadas, burladas e esquecidas, como é de costume em nosso país.

Então, basta uma rápida procura na internet para conhecer receitas de cerol. Basta uma visita a lojas do gênero para encontrar linhas de cerol em carretéis de todas as cores.

Alguns dizem que já fomos mais inteligentes. Às vezes eu tenho a certeza.

Pense nisso, até a próxima, se cuida.

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#39 – Hora do cerol
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