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#35 – Crackeostomia

22/10/2018 às 14:03. Comente esta notícia!

Os corredores da emergência têm uma particularidade pouco conhecida pela maioria das pessoas. Falo dos usuários de drogas, que volta e meia acabam parando no hospital por complicações inerentes a seus vícios.

Estudantes, moradores de rua, policiais, motoristas, médicos… uma verdadeira legião de anônimos escancarados que alimenta o mercado negro, intocável e milionário das drogas ilícitas.

Comecei a escrever este texto após me surpreender com uma cena inusitada no estacionamento do pronto-socorro. Sentado no meio-fio, um conhecido paciente da oncologia com diagnóstico de câncer de esôfago, fumava bem à vontade crack pelo furinho de sua traqueostomia, na base do pescoço.

Ainda fico assustado quando me dou conta de que eles são bem mais numerosos do que possamos imaginar. Tanta gente colocando a vida em risco, na tentativa de esquecer os problemas da própria vida, num ciclo pra lá de vicioso.

Apenas para reforçar a importância do assunto, dias atrás os bombeiros trouxeram um motociclista em parada cardiorrespiratória. Aparentemente, ao colidir com a lateral de um carro, o coração do rapaz de 23 anos resolveu parar de funcionar.

Massagem, choque, desfibrilação… após diversas manobras de reanimação e dois dias na terapia intensiva, o paciente infelizmente morreu. A surpresa seria o resultado de um exame laboratorial que chegou somente após o óbito, revelando a presença de cocaína em seu organismo.

Resumindo a história, o coração não parou após a colisão.

É possível que a taquicardia – provocada pela cocaína – tenha forçado tanto o coração do rapaz que, no instante em que percebeu que iria colidir, uma descarga extra de adrenalina tenha lhe causado um colapso cardíaco.

Acrescente tudo isso ao fato de que ele estava em alta velocidade – também pela ação natural da cocaína – e chegamos à brilhante conclusão de que toda droga é realmente uma droga.

Pense nisso, até a próxima, se cuida.

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#35 – Crackeostomia
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