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Falou perto do celular e apareceu anúncio? Explicação é pior do que parece

12 de junho de 2025

Foto: Reprodução/Freepik

Por TechTudo

Se você já teve a sensação de que seu celular está ouvindo suas conversas, saiba que não está sozinho. É comum comentar algo com um amigo – sobre uma viagem, um produto ou serviço – e, pouco tempo depois, ser impactado por um anúncio exatamente sobre aquilo. Coincidência? Provavelmente não.

Embora não existam provas de que os microfones dos smartphones estejam gravando tudo o que falamos, especialistas afirmam que os celulares monitoram nossos hábitos de maneira silenciosa e estratégica – e isso vai muito além de escutar conversas. Eles rastreiam localização, proximidade com outros dispositivos, interações em apps e padrões de comportamento para prever seus interesses e exibir anúncios direcionados. Entenda como isso funciona e por que acontece.

Coincidência ou não?

Para além dos incontáveis relatos sobre celulares que supostamente “escutam” o que os donos falam, já há estudos que analisam essa experiência. Uma pesquisa da empresa Sherlock Communications, por exemplo, mostrou que 69% dos brasileiros têm a sensação de que o celular “ouve” conversas sem permissão.

Entretanto, especialistas consultados pelo TechTudo afirmam que, objetivamente, os dispositivos móveis não ficam “prestando atenção” no áudio ambiente para coletar dados e exibir anúncios relacionados. E essa afirmação também encontra embasamento em pesquisas:

  • Um estudo da Northeastern University realizado com mais de 17 mil aplicativos demonstrou que os apps monitoram os usuários até com capturas de tela não autorizadas, mas não encontrou nenhuma evidência de gravação de áudio ambiente durante os períodos de inatividade do celular.
  • Um experimento realizado pela empresa de segurança cibernética Wandera colocou smartphones em ambientes com e sem sons específicos e, em seguida, analisou o consumo de dados e os anúncios exibidos, sem encontrar diferenças significativas que indicassem escuta do ambiente para fins publicitários.

Por que, então, continuamos a ter a impressão de que somos ouvidos? O acaso pode ter seu papel nesse processo. Se um anúncio é exibido, por mera coincidência, logo após falarmos sobre o produto em questão, somos levados a acreditar em uma relação direta de causa e efeito entre esses dois momentos, mesmo que tal relação não exista de fato. Isso é parte da tendência humana de buscar padrões nas experiências do dia a dia – efeito muito bem documentado pela psicologia cognitiva.

No entanto, há outros fatores envolvidos. A veiculação dos anúncios é regida por algoritmos cada vez mais complexos e inteligentes graças aos investimentos maciços das “big techs”, que obtêm boa parte de sua receita por meio da venda de espaços publicitários e precisam entregar anúncios com eficiência.

Os algoritmos, por sua vez, são abastecidos por uma quantidade imensa de dados demográficos e comportamentais. Quando combinados, esses fatores dão às empresas de tecnologia o poder de estimar com muita precisão o que pode estar se passando na mente de cada indivíduo em um dado momento. Em alguns casos, o algoritmo acerta em cheio – e é aí que aparecem os anúncios exatamente sobre o que estamos pensando ou falando.

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