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Com o fim da desoneração da folha de pagamento, 400 mil demissões no setor de call center devem ocorrer nos próximos dois anos. Os dados são da Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática.
De acordo com Suruagy, as empresas do setor já trabalham com a listas de corte de funcionários diante do aumento da carga tributária. “Isso é bem sério. Em breve estaremos comunicando as entidades laborais. Não tem empresa séria que consiga trabalhar na insegurança, porque a conta é clara. Se eu recebo um valor para gasto com remuneração e esse gasto com remuneração é composto de imposto mais salário, quando você aumenta a rubrica imposto, você tem que diminuir o gasto com o salário”, afirma.
No fim de 2023, o governo editou uma medida provisória que exclui o call center e outros sete setores do rol de beneficiados pela desoneração da folha de pagamento. Com isso, é possível que as empresas optem por pagar de 1% a 4,5% de seu faturamento ao governo, ao contrário de terem que contribuir com 20% sobre a folha de salários para o INSS.
Empresas com muitos funcionários costumam optar pela tributação via faturamento, pois isso diminui o peso dos impostos. Com a proposta do Governo, os oito setores não terão mais essa alternativa.
Pelo regime da desoneração, as empresas de call center pagam uma alíquota de 4,5% sobre o faturamento, mas a partir de abril voltariam a ser tributadas sobre a folha.
Com a reoneração, as 400 mil demissões devem recair mais sobre mulheres e jovens em primeiro emprego.
“Com a quebra de empresas, há uma previsão de demissão de aproximadamente 400 mil profissionais nos próximos dois anos. Em torno de 60% desse pessoal vão ser de mulheres e jovens em primeiro emprego. Infelizmente, vamos ter que liberar esse pessoal”, explica.
A estimativa da entidade é que cerca de 240 mil mulheres e jovens devem perder a vaga no mercado formal de trabalho. Favorável à desoneração, o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) critica o fim do mecanismo que garante milhões de empregos no país. “Isso é muito ruim. Aumenta o custo da produção e acaba tendo impacto financeiro e econômico. Os encargos da folha de pagamento aqui são muito superiores ao resto do mundo. Isso já é um fator de falta de isonomia, faz com que o Brasil não consiga ter competitividade internacional”, avalia.
Fonte: Brasil 61