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Por Fantástico
O número de estelionatos explodiu no Brasil. Em seis anos, os registros desse tipo de crime aumentaram mais de 400%, segundo dados divulgados nesta semana. Só em 2024, foram mais de dois milhões de casos — uma média de quatro vítimas por minuto.
Entre os golpes mais comuns está o da maquininha, agora com uma nova versão: criminosos que se passam por taxistas para enganar passageiros. A reportagem é do Fantástico, da TV Globo.
As imagens de câmeras de segurança mostram o padrão: o carro estaciona, o passageiro está distraído ou com pressa para chegar em casa. Na hora do pagamento, o suposto taxista diz que a maquininha não aceita Pix e pede o cartão físico, mas sem aproximação. A vítima digita a senha, a corrida é paga e ela desce do carro sem desconfiar de nada. Só depois, ao checar o extrato ou receber uma notificação do banco, descobre que teve a conta esvaziada.
Foi o que aconteceu com a aposentada Nunzia Caruso em São Paulo. “Ele falou: ‘eu prefiro que a senhora me pague com o cartão’. Ele me deu a máquina, eu digitei. Aí ele pegou a maquininha, o cartão e ficou pra lá e pra cá com a maquininha. Ele falou: ‘é, não tem sinal’”, contou. Minutos depois, recebeu uma mensagem de compra no valor de R$ 4.900. Ao tentar bloquear o cartão, percebeu que estava com o de outra pessoa. “Quando eu vi o verso do cartão era outro nome. Ele trocou meu cartão, ele me deu de outra pessoa e ele ficou com o meu.”
A polícia descobriu que os criminosos usam maquininhas adulteradas. Um botão camuflado permite que o golpista simule um erro na transação e visualize a senha digitada.
“Ele já tem a senha sua, os dados do banco seu aqui, tudo, e o cartão trocado. Tá pronto para ele aplicar o golpe”, explicou o delegado André Figueiredo. Com esses dados, os estelionatários fazem compras de até R$ 17 mil. A estimativa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública é de que o golpe da maquininha tenha causado um prejuízo de R$ 4,8 bilhões em apenas 12 meses.
O médico Thales Bretas, viúvo do humorista Paulo Gustavo, também foi vítima. Ele e uma amiga entraram em um falso táxi no Rio de Janeiro.
“Quando a gente estava chegando no restaurante, o taxista começou a falar: ‘o carro ferveu, desce do carro porque ele pode explodir’. Era tudo uma encenação”, relatou. O criminoso usou uma maquininha sem visor, com a tela no celular. “Ele ainda falou assim comigo: ‘não aceita cartão por aproximação, tem que ser o cartão físico’.” Thales só percebeu o golpe ao receber um SMS: “compra aprovada no valor de muito mais do que a corrida”. O prejuízo foi de R$ 4.215.