Foto: Cedida pela família
Por g1
A Estação Saudade, antigo terminal ferroviário de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, foi palco da comemoração do aniversário de 104 anos de Lidoina Cardozo Guimarães.
A escolha do local para a celebração não foi à toa: há 72 anos ela desembarcava na estação com os três filhos pequenos em busca de uma nova vida. Para combinar com a nova fase que buscava, adotou um novo nome: Dona Julieta, como prefere ser chamada e é conhecida até hoje.
Nascida em 15 de maio de 1921 no norte do Rio Grande do Sul, Dona Julieta decidiu deixar o estado gaúcho após ser abandonada pelo marido.
Sem saber ler, escrever e sem conhecer ninguém no Paraná, em 1953, a mulher embarcou em um trem em Carazinho (RS) com uma criança de três anos, uma de cinco e outra de sete, e desembarcou em Ponta Grossa. Atualmente, com as rodovias, as cidades ficam a cerca de 570 quilômetros de distância.
Inicialmente Dona Julieta foi acolhida por um militar, que cedeu uma casa vazia à família. Ao longo dos anos, ela fez diversos tipos de serviço para se sustentar com os filhos: cuidou de crianças como babá, limpou casas e lavou roupas de outras famílias, por exemplo.
Para ela, nada foi em vão: a mãe viu os três filhos se graduarem na universidade e constituírem família – que, em 2025, se reuniu mais uma vez para celebrar a vida da matriarca.
Aos 104 anos, Julieta soma três filhos, 12 netos, 13 bisnetos e cinco tataranetos. Foi com parte deles que a mulher revisitou o lugar que foi a porta de entrada para a sua nova vida.
Na festa de aniversário, realizada em 18 de maio, a idosa viu e reviu os espaços da estação.
Desta vez, a cadeira de rodas, que eventualmente a auxilia na locomoção, a fez entrar em uma viagem no tempo – compartilhada com muitos daqueles que nasceram após ela colocar os pés no local.