Na pequena cidade de Jateí (MS), com 4 mil habitantes, uma professora prestes a se casar viu uma oportunidade única de fazer com que seus queridos alunos participassem da cerimônia. Elizabete Aparecida Rodrigues Coutinho, de 44 anos, aproveitou a passagem da unidade móvel da Carreta da Justiça — que atende a população em comarcas onde ainda não existe um prédio do Fórum — para antecipar o casamento.
— A gente tinha previsão de casar no dia 22 de dezembro, mas quando vi que a Carreta estava aqui em Jateí nessa semana eu liguei pra ele pra avisar e falei: “Amor, quer casar comigo?”. E ele disse: “Vamos casar!” — contou Elizabete.
A professora, que estava namorando havia três anos, relatou que o plano inicial era realizar uma festa de casamento no estilo country voltada para a família, mas confessou que não poderia ter tido uma cerimônia melhor do que a realizada na sala de aula da Escola Estadual Professora Bernadete Santos Leite nesta quarta-feira, contando com a presença dos alunos.
— Não tivemos tempo de pedir autorização dos pais para levar as crianças até a Carreta, mas as meninas já estavam avisadas sobre a data, então vieram com lacinhos no cabelo. Tinham que vestir o uniforme, mas se arrumaram. Os olhinhos dos alunos brilhavam. Foi maravilhoso. Eu amei, não poderia ter tido um casamento melhor — disse.
Professora disse ter amado se casar em escola Foto: Divulgação/TJMS
Segundo a professora, quando o juiz Luiz Felipe Medeiros Vieira a viu com o noivo, Israel Gomes, de 38 anos, em frente a Carreta da Justiça, estacionada em frente ao Centro Municipal Cultural, sem os alunos, logo se dispôs a ir até a instituição de ensino. No local, já havia o bolo e os decorativos para a comemoração com os funcionários e estudantes.
— Na hora de casar, o juiz perguntou: “Cadê as crianças?”. Eu expliquei que não houve tempo de pegar a autorização com os pais delas, então ele sugeriu que fôssemos até a escola. Meu marido é muito tímido, pensou que ia só até a Carreta casar e pronto. Ele não esperava isso tudo aqui, com todo mundo — afirmou Elizabete, esbanjando felicidade.
Casal antecipou cerimônia para que alunos participassem Foto: Arquivo pessoal
De acordo com o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, Medeiros explicou o que faz um juiz para cerca de 100 alunos do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental. Com a aprovação da diretora da unidade, as aulas foram suspensas, permitindo que todos pudessem estar no casamento.
“Foi uma experiência ímpar porque fomos surpreendidos com a solicitação e não vi motivos para não atender. A noiva estava visivelmente emocionada e a cerimônia foi diferente. Não sei se a alegria dos noivos ou das crianças em compartilhar um momento tão especial, mas fiquei honrado em celebrar o início de uma família. Essa é a nossa função: levar a justiça até os que dela necessitam e ser parte de ações que reflitam esse comprometimento”, afirmou o magistrado.