Jovem é o segundo a cursar ensino superior na família e os pais não completaram o fundamental; ele optou por estudar na Unicamp.
Um ex-aluno da rede pública de Saltinho (SP) se surpreendeu ao receber os resultados dos vestibulares que prestou no fim de 2017: passou “de primeira” em cinco universidades, sendo quatro delas instituições públicas. Aos 17 anos, ele não esperava alcançar tão rápido o sonho que sempre teve: cursar Engenharia Civil.
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Ex-estudante de escola pública de Saltinho passou em quatro universidade públicas (Foto: Higor Daniel de Oliveira/Arquivo pessoal)
Higor Daniel de Oliveira contou que passou o último ano do ensino médio se dedicando aos estudos para os vestibulares. Ele ia para a escola no período da manhã, passava cerca de duas horas estudando em casa no período da tarde e fazia um cursinho noturno. “Foi uma mescla dos dois. O cursinho foi mais para me aprofundar”, afirmou.
Depois de receber parte dos resultados, o trabalho foi escolher em qual delas ia estudar. Primeiro ele optou pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e foi se matricular, mas quando estava a cerca de 30 quilômetros de Curitiba (PR), recebeu uma mensagem e ficou sabendo que tinha passado também na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Dei meia volta, porque era meu sonho”, contou.
A Unicamp era a “cereja do bolo” do ideal de cursar Engenharia Civil, mas ele não esperava ser aprovado no curso que teve concorrência de 31,7 candidatos por vaga. Além de seguir o que sempre quis, a vantagem de estudar em Campinas (SP) é ficar próximo à família, como disse o jovem. “É mais próximo de casa e também é uma das melhores”, disse.
Além da UFPR e da Unicamp, ele passou também na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Camp). Ele também prestou o vestibular para entrar na Universidade de São Paulo (USP) e foi o único que não “emplacou”.
Apoio dos pais
Higor é o segundo da família a fazer ensino superior, mas o primeiro em instituição pública. A mãe dele é costureira e o pai caminhoneiro, e ambos não concluíram o ensino fundamental. “Eu sempre gostei de estudar e também sempre tive apoio dos meus pais”, contou. “Eles falavam que se eu não passasse, tentava de novo depois”, completou.
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Higor ao lado da mãe ao chegar na Unicamp para começar as aulas (Foto: Higor Daniel de Oliveira/Arquivo pessoal)
Mas nem sempre foi tão “leve”, segundo ele. Até abril de 2017, os pais cobravam mais do filho, mas depois aliviaram para o lado dele. E foi uma boa escolha, já que a rotina de estudos de Higor já era “puxada” sozinha. “Eu estava bem apreensivo no final do ano, com medo de não passar”, lembrou.
Com o estresse pré-vestibular virando passado, agora o jovem entra em uma nova fase. Ele se matriculou na Unicamp e já começou a frequentar as aulas para se tornar um engenheiro na última segunda-feira (26).
“Está sendo puxado, mas não impossível. Eu sempre gostei de exatas”, disse.
O “segredo” para ter conseguido, tão jovem, ter passado em cinco instituições, foi o apoio. Segundo ele, nem em casa e nem na escola teve muita pressão. “Minha escola é muito boa se comparada com as outras escolas públicas, te dão um preparo e é humanitário”, elogiou.
A realização do sonho veio em boa hora. Higor completa 18 anos na próxima sexta-feira (2) e brincou: “foi um presentão”.
Via: G1